Por curiosidade decidi pesquisar o significado do termo escola em Portugal e o mesmo em Inglaterra. Obtive os resultados que a seguir indico:
Uma escola ou colégio é qualquer estabelecimento ou instituição de educação. Surgiu da filosofia dos gregos antigos, onde eles se reuniam em praças públicas para praticar filosofia e trocar ideias. Uma escola é formada por diferentes pessoas, sendo o director aquele que dirige, o professor quem ensina e dá as aulas, e o aluno aprende e estuda os ensinamentos do professor. A school (from Greek σχολή (scholē), originally meaning "leisure", and also "that in which leisure is employed", "school"), is an institution designed to allow and encourage students (or "pupils") to learn, under the supervision of teachers.
O 25 de Abril de 1974 foi o primeiro dia de liberdade após um regime decrépito que conduziu o país à pobreza cultural. Todas as ditaduras se alimentam de pessoas incultas, que não se questionam, que não criticam, que não são interventivas na sociedade. De um momento para o outro a população passou a ter acesso à escola, à liberdade de expressão, no entanto poucos foram aqueles que tiveram competências para o fazer.
Foi a partir dessa altura e, sobretudo, nos anos 80 que ocorreu a massificação do ensino. O número de alunos nas escolas aumentou de tal forma que não existiam professores suficientes, pelo que o acesso a esta classe profissional foi tudo menos selectivo. Iniciou-se assim a descredibilização de uma classe que durante o estado novo era considerada estruturante na sociedade.
Na década de 90 houve uma estabilização. A sociedade portuguesa transpirava esperança. A injecção de capitais da comunidade europeia, a expo 98, o crédito à habitação bonificado, o crédito para o automóvel. Nas escolas foi também um período de organização. Os professores profissionalizaram-se, readquiriram algum estatuto, em grande medida pela redução do número de faltas e pela discussão de estratégias pedagógicas para colmatar problemas, como o insucesso e abandono escolar. Acontece, porém, que também nesta altura começou a surgir um novo conceito de família. Crianças sedentárias e sós, com muitos recursos materiais e pouco tempo de atenção. Pais com remorsos e crianças/adolescentes manipuladores/abusadores das fraquezas dos seus educadores. Surgem no final da última década do último século os primeiros problemas de violência nas escolas, de desautorização dos professores, de desencantamento de alguns professores com a sua profissão.
A primeira década do Sec. XXI foi difícil a vários níveis. Escrevo-o de forma sentida, porque foi nela que entrei no mercado de trabalho. A minha geração foi considerada em 1995 (se não me falha a memória) como geração rasca, na altura devido às lutas em frente à Assembleia da Republica motivadas pelas provas globais no ensino secundário. Na verdade, a história veio a demonstrar que não se tratava de uma geração rasca, mas sim um país com uma política rasca que não soube/sabe aproveitar os valores individuais. Faço parte de uma das últimas gerações de professores que fizeram tudo para poder ensinar, muitos de nós pagámos para trabalhar (os custos associados à deslocação não eram cobertos pelo vencimento). Somos uma geração de professores que terminámos os cursos superiores com média de 16 ou superior, a maior parte de nós com formação pós-graduada de mestrado ou doutoramento. Mas somos também a geração mais maltratada pelo ME. Contratados há 10 anos, sem possibilidade de subir na carreira ou de contribuir de forma activa nos órgãos da escola.
Mas há uma nova geração de professores e esta vai por certo marcar esta nova década que agora se inicia. A saída repentina de milhares de professores das escolas fez com que neste momento voltem a aparecer professores sem profissionalização ou professores com médias de 11 e 12 nos seus cursos superiores. Professores que o são porque não conseguiram ser outra coisa, e eu só espero que a minha filha não tenha o infortúnio de ter um destes exemplares, que de professores têm muito pouco, no seu percurso escolar. Este ano houve alunos sem professor colocado até Novembro/Dezembro na região de Lisboa. Imagino o que se estará a passar no interior. Há professores que assinam contratos e que passadas 2 ou 3 semanas decidem que não é bem aquilo e aceitam contratos noutras escolas. Nada lhes acontece! Mas, por outro lado, nunca como hoje foi tão fácil diversificar as estratégias, temos computadores, temos quadros interactivos, temos a possibilidade de mostrar filmes do Youtube para exemplificar mecanismos, temos o Moodle, o Facebook, o mail,... Temos uma enorme bateria de ferramentas ao nosso dispor.
Mas sabem o que falta?
Falta paixão! Paixão pelo conhecimento. Para quem o ensina... Para quem o aprende!
Em vez de considerarmos a escola um espaço em que figura o director, o professor e em último o aluno que aprende (a passividade parece-me implícita na forma como se apresenta a afirmação), que seja um espaço que permita e encoraja os alunos a aprender. E que nós, professores, possamos ser a inspiração/motivação dessa aprendizagem.
E que, em última análise, os mestrandos suplantem o seu mestre. Quando isso acontece eu considero que fiz um bom trabalho!
São estes os meus votos para a escola da 2ª década do sec. XXI! Temo que seja uma realidade exclusiva da escola privada. Quem dera que o não fosse...
Paula Pousinha